quinta-feira, 17 de julho de 2008

Carta para o PC do B - A/C - José Reinaldo - Junho/2008

No dia 28 de abril de 1989 eu assinei minha ficha de filiação ao PC do B (Partido Comunista do Brasil), assim que fiz 16 anos e tirei meu título de eleitora. Havia conhecido a UJS na minha escola, o Colégio Estadual Central do Brasil, onde tinham ido construir o Grêmio.
Poderia escrever um livro inteiro contando a história da minha vida no Partido, mas isso não seria adequado ao objetivo desta. Fundamental é dizer que, se não tivesse entrado para o PCdoB, certamente eu seria bem outra pessoa e, provavelmente, não teria feito metade do que fiz na vida até hoje. A minha origem (familiar) me apontava como caminho a subserviência, a mediocridade como regra. E como grande objetivo, cuidar (ou servir) a alguém - mãe e depois marido.
Principalmente por ter me permitido aprender a dirigir minha própria vida, rendo homenagens ao Partido, ao papel libertário que exerceu sobre mim. Sim, estou formalmente me despedindo de suas fileiras. Na prática, já se vão 7 anos fora da organização de base.
Para usar minhas próprias palavras, não me acostumo com essa modernidade em que qualquer um entra para o partido para ser candidato , e o pleito eleitoral ser a luta mais importante, em nome da qual o partido parece descaracterizar-se.
Conheço os argumentos de que lançariam mão para rebater-me, mas o fato inegável é que não consigo desconsiderar aquilo que, me parece, caracteriza o partido, a perda do povo como referência, a priorização - na prática - dos interesses particulares sobre as necessidades e conscientização da população.
Preciso deixar claro que não coloco todos os membros (que conheço, principalmente) num mesmo pacote. Não são poucos os reais comunistas, comprometidos com os ideais e que, por isso mesmo, passam por angústias como eu. Mas o partido já não é mais um, e tenho dificuldade de me adaptar.
Finalmente chegou o momento em que a maior parte do que me mobiliza já não encontra eco no seio do PCdoB. E continuaremos lutando, cada qual na frente de batalha que a vida nos impôs.