domingo, 16 de setembro de 2012

O que muda com o passar do tempo?

Essa é uma foto do centro do Rio de Janeiro, no início do século XX. Vemos mudanças bem aparentes no modos como as pessoas se vestem, e mesmo na pouca quantidade de pessoas nessa rua. Olhando por esse prisma, parecem ter havido grandes mudanças. Mas, pensando com pouca pressa, me parece que a mudança é mais no campo da aparência mesmo, e do acompanhamento do crescimento das cidades. Por exemplo, essas mulheres poderiam estar passeando, indo comprar aviamentos ou livros, indo à igreja, coisas que hoje se faz em qualquer bairro mas, à época, estavam restritas aos espaços centrais das cidades.

Os prédios nem mudaram tanto assim, são de um tempo em que as coisas eram construídas para durar e resistir, mas as ruas ganharam muito mais comércio com a expansão e consolidação do capitalismo no mundo. As roupas mudaram muito (embora ainda sejam feitas com tecido na maior parte dos casos), assim como os cabelos e os sapatos, se falar nos chapéus - que saíram de moda, mas, talvez o que mais tenha mudado é o modo como passamos a encarar o espaço público, muitas vezes não pensando mesmo na diferença entre este e o espaço privado, o que demanda modelos de comportamento diferentes em cada tipo de espaço que estejamos frequentando.

Alguém mais sábio do que eu já disse que velhice ou juventude são questões de espírito, de como nos sentimos. Conheço pessoas que me permitem comprovar essa ideia, tanto os jovens de espíritos quanto, lamentavelmente, os desistentes que envelheceram. Penso que tenho me imobilizado tanto nisso -passagem do tempo - porque, com a chegada da meia idade e considerando que ainda "ando" com a minha vida, estou sendo confrontada com o caminho que percorri até aqui porque preciso tomar decisões para seguir em frente. É bom, por ser prova de que estou em movimento, mas é ao mesmo tempo sofrido porque (eu já sabia) errei muito, e nem sempre no sentido camoniano. (Camões tem um poema em que escreve: "errei todo o discurso dos meus anos").

Percebo que a idade impõe novo ritmo até para olhar para as coisas mais banais, como andar na rua (por que ir, pra quê, por quem, com que roupa a que horas...é mesmo necessário, enfim). No entanto, com um certo acúmulo de coisas vividas e objetivos a realizar não é tão difícil redirecionar os pensamentos para as tarefas, felizmente. Mas acho curiosas essas percepções. Fico feliz por poder estar aqui ainda, olhando em volta, para trás e para diante. Talvez só esteja estranhando olhar tanto; talvez só esteja me adaptando ao fato de que a nossa própria vida muda bastante quando a vamos vivendo minunciosamente, quando não nos mantemos aprisionados na rotina da caverna (contrariando, muitas vezes, o que se esperava de nós).

Certo é que todas as escolhas tem um preço e um custo.