quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Da série criando filhos...


Praia sempre me lembra Yemanjá. Essa foto a minha menina tirou de mim em dezembro de 2011, em Niterói. Posto porque tem distância suficiente pra se apreciar o mar, e não eu - que nem tô em grande forma assim, nem sou chegada a exibir o meu corpinho.

Esses dias me dei conta de que nós, mães nos sentimos tão grandes por "dar a vida" aos nossos rebentos que nunca pensamos na possibilidade de que o presente pode não ter agradado ao presenteado. Ideia absurda? Radical? Acontece que a vida é, assim como o ser humano, algo grandemente complexo; envolve perspectivas, local de nascimento, família, dinheiro ou a falta dele, e uma série de coisas que eu não sei enumerar.

Infelizmente, conheço pessoas que perderam filhos para o suicídio, devido à insatisfação com a vida. Eu mesma, quando nova, não andava lá muito satisfeita, ao ponto de cogitar seriamente tal possibilidade findadora... Enfim, não é um assunto agradável ou fácil, mas ignorar também não me parece uma boa solução. Felizmente, por outro lado, conheço bastante gente que, como eu, passou por isso e deixou pra trás. Também não me parece que algum dos meus rebentos esteja "nesse mau momento", mas como mãe procuro exercitar o entendimento de que não tenho nenhum superpoder, capaz de ler mentes nem fazer adivinhações. Meus únicos instrumentos são beijinhos, colo e conversar, no máximo de dias do ano.

Ontem eu estava lendo sobre uma "geração nem-nem", jovens que nem trabalham, nem estudam. Sempre me pareceu que a falta de perspectivas é um grande inimigo da vida feliz de qualquer ser humano, em qualquer idade da vida. Por mais que a gente não tenha o lado material como prioridade, o que é realmente uma boa pedida, até pra ascender aquele incensinho e meditar tem de ter a grana pro tal incenso e o tal local, e tudo isso custa. Sendo assim, perspectivas de emprego, profissão, bem como ganhos relacionados a isso, sobretudo para os que estão chegando à idade adulta, são temas que tiram o sono.

Não consigo imaginar como alguém na flor da juventude consiga nem estudar nem trabalhar, embora eu não esteja duvidando dos dados que tem aparecido sobre isso. Fico pensando como alguém, neste momento da história, neste mundo dinâmico, consiga "deixar a vida passar" assim.

Viver é um presente que, embora "difícil de aprender a usar", vale à pena quando a gente consegue aceitar.