quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Emily Dikinson



Tão rubra a Brasa lá debaixo
Tão inseguro o chão
Se eu me mostrar o medo invade
A minha solidão.

How red the Fire rocks below
How insecure the sod
Did I disclose would populate
With awe my solitude.


Cemitério

Tradução de Manuel Bandeira

Este pó foram damas, cavalheiros,
Rapazes e meninas;
Foi riso, foi espírito e suspiro,
Vestidos, tranças finas.

Este lugar foram jardins que abelhas
E flores alegraram.
Findo o verão, findava o seu destino...
E como estes, passaram.

- Fonte: Antologia da Poesia Americana, Ediouro, 1992 - RJ, Brasil.

Emily foi uma mulher que viveu entre 1830 e 1886 nos Estados Unidos. Nunca saiu de sua cidade, Amrhest, Massachusetts. Hoje li um pouco de seus poemas, que foram publicados postumamente à excessão de dez, porque o professor de literatura inglesa em Gilmore Girls gosta muito dela. Professor Medina, aquele que tem um rolo e quase casa com a Lorely mãe da Hory.

Li muito pouco de sua poesia, pois fui à biblioteca estudar outras coisas. Mas aí, logo de cara, ela me atingiu: " Se eu me mostrar o medo invade minha solidão."

Eu faço aquilo que tenho de fazer, o que significa lutar pessoalmente pelos meus objetivos, mesmo eu sendo desorganizada (como eu sou). Mas, sendo humana, vivo em constante vigilância para não ser sabotada, nem mesmo por meus sentimentos e fraquezas. Então, é preciso viver na redoma, é preciso mantê-la e manter-me dentro dela o máximo de tempo possível. Sair da redoma da minha proteção é correr o risc o de que outros dominem a minha vida; é correr o risco de perder o controle do meu próprio destino, idéia que - para mim - é insuportável.

No Arquivo X a verdade está lá fora; na minha vida é a possibilidade da pernada que me espreita; tem sempre alguém querendo colocar de volta as mulheres sob a sombra de maridos ou familiares; tem sempre alguém achando um absurdo uma mãe solteira e baixinha fazer sucesso com o caminho que escolheu; tem sempre alguém querendo me diminuir. Não posso permitir.

Olho pra foto de Emily e reafirmo minhas convicções: essa mulher brilhante está sentada, mansamente, como se fosse uma doméstica comum. Isso é inaceitável.