domingo, 9 de setembro de 2012

O mais que humano em nós.

Estou aproveitando a reprise de A ESPERA DE UM MILAGRE, no SBT, por ocasião da morte do ator MICHAEL CLARKE DUNCAN. O filme é de 1999, mas ambienta uma história passada na década de 1930 - Grande Depressão.

É um filme produzido com muita qualidade, reconstituição de época primorosa, fotografia muito atenta e as atuações. As histórias entrelaçadas que são contadas simultâneamente, com maestria, são marcantes. Desde a questão principal - o crime brutal pelo qual o negro foi condenado, como deve ser o tratamento dado a condenados à morte, passando pela doença da esposa do diretor da prisão, o filhinho de papai sobrinho do governador do Estado, a doença do chefe da milha verde e - principalmente - ética.

Até onde vai o nosso dever, a nossa tarefa, quando devemos duvidar daquilo que conhecemos e apostar ou priorizar o ser humano em cada situação? Não é tarefa simples, tranquíla ou m linha reta essa coisa de levar a vida, sabemos. O filme é uma peça de ficção, mas levanta questões, embora a arte não tenha isso como função.

Aparentemente, poderíamos dizer que o filme fala dos dons do negro. É verdade. Mas, também, não fala das pessoas, de suas questões, do que vêem pelo mundo ao longo da vida, do que pensam e sentem uns sobre os outros? Lembremos que o filme começa com um idoso rememorando um momento de sua vida, a partir da imagem de um filme que o fez automaticamente voltar ao passado.

E o que este o velho se pergunta, ao final: vou ver muitas pessoas que amo morrerem antes de mim, o que vou dizer quando Deus me perguntar porque matei um dos seus milagres? que era o meu dever? ou seja, o que importa sabermos da nossa vida? o que fizemos com o tempo que nos foi dado. O que estamos fazendo com o tempo que nos foi dado?