terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MEDO

Quando eu vi o que minha mãe permitiu que o meu pai fizesse com ela, destruindo uma mulher linda, forte e inteligente, tomei aversão ao casamento. No entanto, sempre amei crianças, e nunca tive problemas em em relacionar com os meus filhos pelo fato de eu ser mãe solteira. Não projetei neles nenhum ideal de relação que não envolvesse somente nós. Eles não são, para mim, imagem de familiares ou dos pais, são simples e plenamente meus filhos.
O que eu sempre temi era amar alguém tanto que, para mantê-lo ao meu lado, tivesse que me submeter ao ponto de contrariar minha natureza. A idéia de depender de alguém me é insuportável. Pra mim é algo imensamente perigoso, porque não tenho meias medidas. Sou uma pessoa de sentimentos extremos. E não sei perder, prefiro não ter do que perder.
Não sei se é o signo ou a falta de formação filosófica. Deve ser uma combinação. Não que eu esteja reclamando, pois, depois de 35 anos, já aprendi a gostar de mim como eu sou.
Depois desse tempo todo percebo que a experiência e o conhecimento previnem contra alguns sofrimentos na vida, mas amar não tem nenhuma lógica ou experiência anterior que amenize. O que é possível é manter o bom senso, com grande esforço.