sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Tempo e formação.


Mesmo com todas as inovações tecnológicas, nos formatos através dos quais podemos acessar as informações e o conhecimento acumulado pela humanidade ao longo de séculos de existência, não há fórmula mágica que permita com que magicamente apreendamos tudo imediatamente. Aliás, formação e imediatismo não cabem na mesma frase. Em parte porque, mesmo fazendo recortes que limitem o espectro de conhecimento a que nos dedicaremos, há uma grande quantidade de dados a conhecer; mas também porque formação requer amadurecimento do que se lê e aprende.

É lógico que uma formação assim exige dedicação e continuidade, mas também são fundamentais tempo e sossego. Nesse ponto é que podemos perceber como é prejudicial essa contínua falta de políticas governamentais para o desenvolvimento da educação. É sobretudo aí que se constrói uma educação sem qualidade, pois os profissionais - via de regra - tem de ser formar com o mínimo e ralar dia e noite pra ganhar a vida. Isso sem falar nos investimentos necessários em livros, revistas especializadas, visando a atualização dos profissionais.

O fato de a sociedade estar organizada de modo que o que importa para a elite é manter o seu status econômico; para os que governam, manterem-se no poder e resta aos menos favorecidos e de formação acadêmica menor, para usar eufemismos, o que sobra é almejar chegar lá por um toque de mágica que a indústria cultural vem explorando desde sempre, seja em programas de auditório, de "descoberta de cantores" ou os novos reality shows. Ilusões alimentam existências inteiras.

Encarar o mundo real da necessidade constante de esforço e dedicação diante de livros, cadernos - pois é preciso ler, mas é fundamental escrever e pensar sobre o que se lê, como entendemos, o que apreendemos, do que discordamos, etc. Diferente do que parece, o maior prêmio que podemos conquistar aprendendo é a satisfação de nos sentirmos mais humanos, mais completos, mesmo que não sejamos bem remunerados por isso, embora precisemos de salários para viver, como todo o cidadão de bem.