terça-feira, 20 de agosto de 2013

Monumentos, memória e modernidades.


Nesta segunda, 19.08, eu estava chegando ao centro do rio no 100 (Niterói x Praça XV), tínhamos gasto bastante tempo em engarrafamento decorrente das obras no Cais do Porto, o "Porto Maravilha". Dentre as obras há restaurações de prédios históricos, calçadas e marcos, e ao longo do trajeto há diversos prédios antigos. Isto era por volta das 14h.

Uma criatura no ônibus começa a defender que "esses prédios velhos não tinham nada que ser preservados. Que só servem pra ocupar espaço. Que deveriam ser filmados detalhadamente por dentro e por fora e, depois, derrubados". Enfim.

O primeiro pensamento que me ocorreu foi: "é como se propusessem que o Oscar Niemeyer tivesse morrido quando ficou velho, aos 65/70 anos." Imagina se deixamos de ouvir Bach e Mozer porque são velhos; daqui há pouco vão propor transformar o Museu D'Orsey numa concessionária de carros pra renovar...

Sim, a tecnologia muda, às vezes avança, mas o mundo não pode ser como uma fralda descartável, há de se manter alguma constância. Além disso, nem tudo no mundo pode estar a serviço da compra e venda. Temos memórias do percurso, é importante conhecermos nosso passado social comum e as construções e os lugares dizem muito sobre isso.

Imagina se o mundo abrisse mão dos seus antigos? Imagina vivermos começando do zero, que inferno seria. Até pra mudarmos algo, é preciso conhecer o que já está posto. Que "cultura" destrutiva essa que prega a constante renovação, que na verdade não renova nada, só  busca aparência.

Me comportei, não disse nada à tal criatura. Só lamentei, como sempre lamento, tamanha adesão à lógica capitalista. No final da tarde fui ao lançamento do livro de memórias do ALDO ARANTES, PC do B, intitulada ALMA EM FOGO. Foi de fato um evento lindo,  recheado de memórias sendo compartilhadas entre pessoas de cabelos e barbas branquinhos, em que o Reitor da UERJ - Ricardo Vieiralves - falava da importância das novas gerações conhecerem o passado recente deste país, de os de esquerda escreverem sobre isso.