quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cetrezas ou armadilhas.


Certeza é uma coisa que a gente não deve cultivar, é o que se diz. Mas como a gente vive sem ter ao menos alguma certeza temporária? Isso seria como andar sem saber se o pé está alcançando o chão. Mas aquilo que temos como certo  ou garantido geralmente se transforma num muro de concreto em que a gente tromba quando a coisa muda. Trombar com um muro causa dores e deixa a gente desnorteado, sem falar na sensação de ressaca.

Realmente, certezas podem ser como plantas. Plantas crescem, duram um tempo mas, mesmo a gente cuidando bem, estão sujeitas aos efeitos do tempo que não controlamos - muito sol, muita chuva, muito calor, muito frio; elas são efêmeras, plantas e certezas.

É muito irritante isso de não sabermos nunca o que vai acontecer quando tomamos uma estrada, mesmo a gente sabendo que a vida é assim mesmo. Tem coisas que eu quero que não são possíveis, sobretudo uma: eu queria muito ser a escolha de alguém; nunca isso vai acontecer, eu sei. Saber isso deixa um cansaço.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Educação e espaço público.

Ontem à noite, quando eu caminhava em São Gonçalo, vi uma cena que tenho visto se repetir cada vez mais, de dez anos pra cá:
 - Dois meninos, com aproximadamente 11 anos cada, andavam de bicicleta e passaram bem perto de uma senhora que, aparentemente, vinha de uma igreja evangélica (roupas,bíblia, cabelo preso), e gritaram para assustá-la, ao se aproximar bastante. Ela não se assustou, parou e olhou para eles,  e um disse: "quase cai, tia", com muito cinismo.

Entendo crianças curiosas mexendo onde não devem, olhando em buracos de fechaduras, aprontando com o grupo para merecerem pertencer ao grupo, rivalizando com a autoridade da família e da escola, mas qual o propósito em assustar e tentar provocar a queda de idosos, ou quaisquer transeuntes? De onde vem isso?

Se eu pensar nos exemplos que o mundo atual fornece, tenho de admitir que a violência está mesmo em alta.    Se eu pensar no pouco tempo que hoje se dedica a educação dos filhos, isso também faz sentido; me parece mesmo que a transmissão de valores, mais do que fora de moda, foi trancada numa gaveta, cuja chave foi derretida em seguida na fechadura. Só que todas as omissões, públicas e privadas, estão se voltando contra todos nós, omissos e bons pais.

Mas o que me interessa mesmo saber é: como é que a gene conserta isso? Como é que a gente põe os valores em alta de novo: honestidade, respeito, honra. Como?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Olhando para o horizonte, como metáfora e como paisagem mesmo.


É muito bom poder olhar para uma paisagem como esta, no MAC de Niterói, que eu prefiro chamar de nave espacial do Niemeyer. E poder olhar essa paisagem envolve a visão perfeita e a oportunidade de frequentar esse lindo lugar.

Quando a gente está construindo um cidadão, situação também conhecida como criar um filho ou uma filha, é preciso ter em mente o tal horizonte metafórico, que é o futuro da criaturinha quando tornar-se um cidadão adulto, dono e senhor do próprio nariz (claro, do modo que o capitalismo permitir, nunca esquecendo...).

Essa idade entre os 6 e os 11 anos, em que é preciso que eles brinquem, mas é muito importante que aprendam a lidar com a escola é bem difícil conciliar essas necessidades. Meu pequeno está nessa fase, 9 anos, 4º ano (antiga 3ª série). Não é um período tranquílo, porque ser dura te põe numa posição de vilã, e não é momento de se preocupar com popularidade, se me entendem.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Eu hoje estou tendendo a dizer coisas óbvias, como o fato de sermos obrigados, no Brasil, a manter nossos filhos na escola até os 17 anos significar que temos de ensiná-los a serem alunos, o que é bem diferente de simplesmente estar presente burocraticamente lá. Pois é, essa tremenda falta de educação que vemos os nossos alunos demonstrar do Oiapoque ao Chuí não deveria fazer parte do contexto escolar. Convivendo com mães de alunos, da posição de mãe de aluno há mais de uma década, percebo que muitas delas se escandalizariam se lessem o que estou escrevendo.

Recentemente, uma mãe minha vizinha ficou espantada por eu dizer que ela é, segundo a lei, responsável pelas filhas até os 21 anos. Como a filha “já é mulher”, conforme palavras da própria, ela acha um absurdo “essa lei”. Quem é responsável pelo que, na sociedade? Qual a nossa parte na responsabilidade é uma pergunta que, se parássemos pra tentar resolver, imagino que movimentaria positivamente a sociedade. Se, por exemplo, nós mães nos dermos conta da dimensão da importância da educação que damos aos nossos filhos, futuros adultos que interferirão por cerca de seis décadas na vida de sabemos lá quantas pessoas, que efeitos isso poderia acarretar no modo como educamos nossos filhos?

Acho que já não é mais momento de cuidar do país do futuro, mas do futuro que já chegou: novo mercado de trabalho, que exige um trabalhador muito mais qualificado e preparado para aprender permanentemente; o Brasil está buscando um novo lugar no mundo, depois de décadas como país subdesenvolvido, anda fazendo convênios pra mandar estudantes pelo mundo afora, de modo que é preciso repensarmos nossa relação com o país, em prol de construirmos um país melhor.