sábado, 15 de junho de 2013

Enquanto isso, na sala de justiça...


É bom saber que a presidente da República teve, ao que parece, uma boa formação literária, que é o que indicia ao citar Luis de Camões (mesmo sendo aquela leitura, como epopeia ufanista, que já foi derrubada pelos estudos de Jorge de Sena e muitos outros).

Da mesma forma, ainda nesta semana, o governador Eduardo Campos demonstrou algum conhecimento da literatura brasileira, ao citar Machado de Assis em Minas Gerais, onde estava “aparecendo”, visando as próximas eleições presidenciais.

Boas intenções, mas algo desarmoniza: os dois incorrem, a meu ver, no erro de antecipar o pleito e de citar mal. É claro, não são os únicos. Mas, “enquanto isso na sala de justiça”[1], que eu também sei citar..., como anda a educação da população? Num momento em que o País quer alcançar visibilidade, mudar seu perfil de subdesenvolvimento para o de líder de um continente, este é um grande assunto.

O Velho do Restelo oferece um contraponto à visão somente positiva do projeto das navegações. Ele não estava sendo pessimista, mas do auto do seu “saber, só de experiências feito” (LUS), como sabemos ao ler o poema, ele fala de um contexto dado.

Camões escreveu sobre eventos já passados há quase um século, basta nos lembrarmos de que Os Lusíadas foi publicado em 1572, de modo que já percebia-se que era um projeto imperialista que, como tal, só trouxe lucros para uma pequena elite.

O que os pobres ganharam com as grandes navegações? Continuaram, isto sim, a ser explorados e é isso que o Velho indicia. O que os pobres estão construindo hoje em dia? Mudou tanto assim o mundo?

(A imagem acima é uma foto que tirei do centro do rio, um dia desses, da janela do meu local de trabalho.)





[1] Fala costumeira do narrador do desenho SUPERAMIGOS, que eu assistia durante a minha infância, nos anos de 1980 pela tv.