sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Um poema antigo

O PRIMEIRO ANO – 1991


Cada sombra é uma reticência...
É a possibilidade da própria morte,
Ou pior:
É a possibilidade do inferno da lembrança de uma esquina mau atravessada.

O poder sobre o destino do próprio corpo nada significa,
Realmente não é nada
E qualquer um pode fazer qualquer coisa comigo...
... por mais aberrante que seja!

É... Sorte, anjo de guarda, Deus, proteção... segurança...
Nada disso existe de fato!
No escuro das 10 da noite nada disso existe!

Ser bonita ou estar femininamente arrumada é um risco à própria segurança.
Melhor ter nascido feia e caquética!

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De dia as cantadas, os assobios...
As obscenidades e vulgaridades que se ouve quase fazem parte da rotina!
Parece uma espécie de preço a se pagar.
Um imposto que não devemos,
Um pedágio por andar na rua...

Dá pra se arrepender de ter nascido mulher.

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Faz um ano.........
Depois da tragédia é difícil recuperar a auto-confiança,
A própria vaidade.
Andar na rua é sempre um tormento, mesmo de dia.
A sensação de culpa é uma constante;
A vontade de morrer (pra não lembrar) é maior ainda!
O tempo cura a ferida, como bom remédio que é...
... no entanto, a cicatriz fica e é muito feia!

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E é triste saber que não foi só comigo!


Rio de janeiro, 19 de dezembro de 1991.
1:40h (madrugada)
Beatriz Helena.

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