sábado, 14 de maio de 2011

jovens e sociedade

Vi hoje e tenho visto sempre adolescentes uniformizados, em horário de aulas, em praças e shoppings, ou seja, fora da escola. Inicialmente, pensei que seria bom se houvessem guardas municipais que chamassem a atenção deles e os encaminhassem pra escola. Imediatamente, é claro, me dei conta de quão tolo e ingênuo é este pensamento.
Além disso, estamos num momento de relações conflitantes e inamistosas entre "sociedade civil" e os poderes de polícia, então, um adolescente ser abordade, ou um grupo, por guarda ou policial certamente traria mais problemas do que soluções.

Então, o que fazer?

Já ouvi muita gente boa se fazendo essa pergunta com relação a si mesmas, enquanto boas mães ou pais. Pessoas que, a meu ver, acertaram por assim dizer, ou seja, cujos filhos estudaram até a conclusão do ensino médio sem maiores complicações do que as preguiças comuns da idade. Pensavam: - "fiz o suficiente?"

Acredito e sempre acreditei que, na base de um adulto bem formado, independente da profissão, está uma boa mãe, ou seja, uma boa orientadora, que criou um adulto pleno, não um apêndice condenado a ser "acompanhante de idosos".

Acho muito justo, havendo necessidade imposta pelo imponderável, ou seja, uma doença inesperada ou acidente, enfim, que um filho cuide dos seus progenitores. Uma criação saudável constrói, também, um cidadão capaz de amar e olhar o outro, o seu "próximo" sobretudo.

No entanto, alguém que não constrói sua própria vida, nem cuida da própria saúde, terá, provavelmente, uma velhice difícil. Isso não será atuação do imponderável, mas, sim colheita.

O fato é que em algum momento perdeu-se a noção da obrigação de criar os filhos que se pôs no mundo. E agora????

3 comentários:

Anônimo disse...

Beatriz, creio que o problemas dos jovens fora da escola é um problema duplo. O primeiro e mais sério é o do abandono dos pais. Os pais não sabem mais o que os filhos fazem. E ainda fazem os filhos crer que a escolar é um lugar chato pelo qual temos que passar para "termos futuro". O segundo diz respeito a estrutura, a forma como a escola se apresenta ao aluno. A escola não é um lugar onde se busca o saber, o sentido do mundo. A escola não ensina a pensar, a criar conhecimento. As escolas são o espaço onde se pode acumular um monte de saberes necessários ao exame vestibular, para que se possa fazer uma faculdade, para que se possa ter uma profissão, para que se ganhe um bocado de dinheiro para satisfazer os nossos anseios consumistas. Noventa e oito e meio por cento do que sei hoje não aprendi nos bancos escolares, aprendí pela vida, pelo desejo que tenho de sempre aprender mais para ser mais. A escola não é um lugar no qual o aluno sinta prazer em estar. Este problema é antigo, educadores maravilhosos já a criticavam há tempos, mas continuamos a caminhada de encontro ao iceberg, que não tarda a afundar o navio da nossa educação...

Anônimo disse...

Para completar, gostaria de dizer que não há nada de errado em estudar para se ter uma profissão. Errado é suprimir o mais importante de tudo, antes mesmo de formar mão de obra para continuar girando a roda do sistema, a formação do ser humano. Muitos me criticam dizendo que essa educação é responsabilidade dos pais. Sim, e quem formou os pais? Quem legou conhecimento a eles para educarem os filhos? Fossem os pais todos iguais a Aristóteles, escreveriam um livro sobre ética em dez volumes aos seus filhos para ensinar o caminho da felicidade pela ética. Como fez o estagirita ao escrever "Ética a Nicômaco" (Nicômaco era filho de Aristóteles).

É como costumam dizer os comentaristas de Aristóteles:

"Aristóteles assume um papel pedagógico de um pai preocupado com a educação de seu filho e, acima de tudo, com a sua felicidade."

Mas os pais, não somos Aristóteles. Incluo-me porque também sou pai, e algumas coisas vou ensiná-lo, mas não sei se ele vai achar a escola um lugar agradável, prazeroso.

Beatriz Helena. disse...

É, se, como Aristóteles, todos quizessem trabalhar pelo bem de seus filhos, começando por sua ampla formação, já seria um mundo melhor. Como sempre, uma presença inteligente a sua. Obrigado.